BAUCIS E FILÉMON
Uma das mais belas lendas
que ouvi na minha vida
conta a história de dois velhos
e não é bem conhecida.
Baucis, pobre e idosa,
vivia com seu marido,
tão idoso quanto ela,
casal em tudo unido.
Viviam numa cabana
próxima a uma cidade
onde Júpiter um dia
pediu hospitalidade.
Mercúrio o acompanhava,
ambos sob forma humana.
Ninguém os quis receber,
Indo bater à cabana.
Filémon, de Baucis esposo,
acolheu-os prontamente,
embora desconhecesse
ser deuses à sua frente.
Mesmo sendo pobre e velho,
o que faltou à cidade
abundava no casebre:
acolhida e bondade.
Júpiter os convidou
a subir alta montanha.
Na verdade este convite
era do deus artimanha.
Apesar da longa idade
e da marcha ser pesada,
docilmente eles seguiram
o deus na sua caminhada.
Ao chegarem lá em cima
e olhando para traz
viram tudo sob as águas,
uma inundação veraz.
Só a casainha não estava
submersa, como o resto:
fôra transformada em templo,
prêmio pelo belo gesto.
Ganharam ainda o direito
de ao deus fazer pedido.
Júpiter o atenderia
por ter sido acolhido.
Desejaram os dois esposos
poder ao deus atender
como fiéis sacerdotes
e juntos virem a morrer.
Satisfeitos seus desejos,
por muitos anos viveram
servindo ambos no templo,
juntos mais envelheceram.
Estando ante o templo,
Filémon viu que a esposa
estava se transformando
em árvore esplendorosa.
E Baucis, por sua vez,
com olhar admirado,
viu o esposo, pouco a pouco,
em um carvalho mudado.
Disseram um terno adeus,
que lentamente passou
a soar como o murmúrio
da ramagem que ficou.
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