ROSÂNGELA E MARIA DAS DORES, SANTAS PELA VIDA



A Igreja nos propõe
dos santos a devoção
e por isso os canoniza
para exemplo do cristão.

São pessoas como nós,
com defeitos e acertos,
que confiando em Jesus
viveram como convertos.

Porém todos nós sabemos
que no mundo existem mais
santos ao canonizados,
que de Cristo são sinais.

Hoje quero apresentar
santas que eu conheci
quando padre em Jardim Gláucia,
local que nunca esqueci.

Além de serem mulheres
casadas , mães de família,
viverem vidas distintas,
cada uma de Deus filha.

A primeira dessas santas –
Rosângela batizada –
foi exemplo de doação
à infância desprezada.

Como filha foi exemplar
p'ras irmãs e outros também.
Como esposa foi fiel,
dedicada, sem “porém”.

Mãe amada e amorosa,
nunca perdeu paciência,
educando com carinho,
tendo de Deus a ciência.

Professora foi modelo,
disseram-me alguns alunos
jamais vê-la exaltada,
mesmo agindo como hunos.

Na Igreja, membro ativo,
apesar de atarefada
e pelo seu testemunho
foi ministra enviada.

Ministra da Comunhão –
outra forma de levar
Jesus ao necessitado –
pouco pôde atuar.

Mas seu maior ministério
foi junto às pobres crianças
mal amadas, desnutridas,
na Pastoral da Criança.

Que amor, que zelo, exemplo
era para as companheiras,
juntas se fortalecendo
como de Cristo obreiras.

Trabalhadora, ativa,
todo o dia ocupada –
aulas, família, Igreja –
nunca parecia cansada.

O sorriso e a calma
marcavam sua expressão,
transparecendo que tinha
o Cristo em seu coração.

De família, tinha Lupus,
que afetava-lhe as pernas,
mas que jamais impediram
as tantas ações fraternas.

Já estando bem enferma,
só cessava a ocupação
quando obrigada era
por médica orientação.

Ninguém espere que eu conte
fato extraordinário.
Bela foi sua santidade
de via no ordinário.

É isso mesmo, irmãos:
qual nosso, no dia-a-dia,
de Deus viveu a vontade
que o Seu Reino recria.

Rosângela hoje no céu
roga por cada criança
nascida no mundo injusto
para que tenha esperança.

O seu exemplo nos fica
de quem, c’os olhos de Deus
os desvalidos amou
como fossem filhos seus.



Conto agora a dura vida
desta Maria das Dores,
que apesar dos sofrimentos
soube ver a vida em cores.

Muito pobre, esta senhora,
com seu Oscar foi casada,
porém jamais a pobreza
a deixou desencantada.

Conheci dona Maria
já no fim de sua vida,
pouco mais de quatro anos
até a final despedida.

Chamava-me a atenção
seu sorriso que expressava
a alegria de viver;
e as filhas que ela amava.

Além do primeiro filho,
homem em tudo saudável,
teve ela três meninas
que tinham mal incurável.

Maria, Rosa e Sheila
são os nomes das “meninas”
que eram sua alegria,
acolhidas como sina.

Maria, a filha mais velha,
corpo e mente entrevados,
não falava, não andava,
exigia mais cuidados.

Por ocasião da morte
dessa filha tão amada,
fui dar conforto à mãe
e uma lição me foi dada.

Maria das Dores, chorando,
disse que sua Maria
por Nossa Senhora fora
dada a ela certo dia.

E agora que a Senhora
quatro décadas após
vinha lhe buscar a filha,
confiante, como Jó,

partilhando as dores deste,
entregava à Aparecida,
com sentida gratidão,
a filha em Deus dormida.

Rosa, minha “afilhada”,
embora não possa andar,
mesmo que a mente a limite
sabe cantar e amar.

Ora todo dia a Deus
e também à Virgem Santa.
Repete gestos do padre
na missa e alto canta.

Sheila, a filha mais nova,
fala bem e pode andar;
no entanto o seu estado
a impede de trabalhar.

Três filhas deficientes,
porém razão de alegria,
dando sentido à vida
dessa senhora Maria.

Quando a conheci estava
ainda forte e saudável
e aos que por pouco sofriam
dava-a por vida imitável.

Depois da morte da filha,
a saúde a abandonou,
o sorriso definhou,
mas a fé não se apagou.

Abatida se encontrava,
Mas por tudo agradecia.
Hoje está feliz no céu,
com sua filha e com Maria.

O seu nome foi sua sina –
era Maria das Dores –,
mas fez do seu sofrimento
para Deus jardim de flores.

Soube ter a paciência
mesmo na tribulação
e a exemplo de Maria
tudo pôs no coração.

Hoje no céu, gloriosa,
vive Maria das Dores
rogando pelas famílias
e seus filhos sofredores.

Faço com muito carinho
a memória dessas santas
a quem eu peço em prece
que intercedam graças tantas.

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