FRANCISCO E O LOBO

(história em setilhas - sete versos)

Conta lenda franciscana
que em Gúbio, uma cidade
visitada por Francisco,
um enorme e feroz lobo
de terror enchia o povo,
pois matava gente e gado
que encontrava em seu caminho.

Ao saber desse animal,
vai-lhe ao encontro o irmão Francisco,
procurando na floresta
até se encontrar com ele.
O terrível e grande lobo,
sua boca escancarando,
corre a atacar o santo.

Quando estava em pleno bote,
estacou a feroz fera
no momento em que Francisco
o sinal-da-cruz traçou.
“Irmão lobo, aproxime-se”,
ordenou-lhe o santo homem
e a fera obedeceu-lhe.

Como fosse um cordeirinho,
deitou-se aos pés do santo,
que condenou-lhe os crimes,
convidando-lhe à paz.
Francisco propôs ao lobo
que deixasse a violência
caso o povo o alimentasse.

Assentindo co’a cabeça
e a selar o compromisso,
colocou o lobo a pata
sobre a mão do Irmão Francisco.
Foram ambos à cidade,
para a feira ali instalada,
onde multidão havia.

Dirigindo-se ao povo,
fez Francisco um sermão,
convencendo aquela gente
a alimentar o lobo,
que a partir daquele dia
percorria porta em porta
e comida recebia.

Povo e lobo em paz estavam,
um não atacando o outro.
Quando, dois anos mais tarde,
o irmão-lobo faleceu,
Gúbio inteira ficou triste.
Na via Globo foi enterrado
o que outrora feroz fora.

Mais tarde erguido foi
sobre a cova até túmulo,
verdadeiro monumento
ao milagre de Francisco.
Sete séculos mais tarde,
sob o túmulo escavado,
de lobo esqueleto achou-se.

Muitos crêem que é uma lenda,
simples fantasia a história
daquele terrível lobo
que Francisco amansou.
No entanto, o pobre santo
continua inspirando
paz entre homens e animais.


Nenhum comentário: